sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ENTREVISTA PARA O SITE BNET- SETEMBRO DE 2000

     Poucas jovens atrizes trazem na bagagem um soco tão forte- literalmente falando- como Michelle Rodriguez. A atriz de 22 anos proporciona uma das melhores performances do ano em sua estréia como a garota-problema que se transforma numa boxeadora no primeiro filme de Karyn Kusama , Boa de Briga, que dividiu o Grande Prêmio do Júri para Melhor Filme e rendeu para Kusama o prêmio de melhor diretora este ano no Sundance Film Festival. A Diana Guzman interpretada por Rodriguez é uma estudante do ensino médio fervendo de raiva, que mergulha nos ringues e encontra um novo poder, mas também uma nova vulnerabilidade, pois ela se apaixona por um colega do boxe (Santiago Douglas), que irá se tornar um de seus principais rivais.
      Em preparação para o filme, Michelle, que abandonou os estudos aos 15 anos e  nunca havia atuado em um filme antes, transformou-se física e emocionalmente em uma garota que parece ser inofensiva, mas que tem a força de uma boxeadora de verdade. E parece ter feito um bom trabalho. Até agora, ela garantiu presença em dois projetos futuros- Madrugada Mortal, que tem a produção assinada por Spike Lee e conta ainda com Pam Grier e Danny Glover no elenco, e o filme de ação sobre rodas Velozes e Furiosos, ao lado de Vin Diesel e Jordana Brewster.

LAURA WINTERS: Como você se envolveu com Boa de Briga?
MICHELLE RODRIGUEZ: Bom, eu tinha trabalhado como figurante por dois anos, mas não tinha coragem de ir para uma audição, porque eu não tinha nenhuma experiência real de atuação. Então, um dia eu estava folheando a Backstage e dei de cara com um anúncio para uma 'jovem boxeadora latina'. Eu pensei: "Muito bem, Michelle, é isso. É um convite aberto. Basta ir." Trezentas e cinqüenta pessoas estavam lá. Cheguei atrasada, e apenas disse meu nome e de onde eu era, e eles escolheram eu e mais duas pessoas.

LW: Quando você estava crescendo, teve alguma experiência em bairros difíceis, como no filme?
MR:  Em Jersey City eu estava cercada por ambos os lados, de classe média e pobres. Eu andava com os nerds, como o meu irmão no filme, e saía com os barra-pesada também. Você vê esses tipos o tempo todo no trem, jovens com seus 16 anos  falando em conseguir se estabilizar. Eu usei tudo isso para este papel.

LW: Você acha que o filme traz um pouco de esperança para crianças que vivem em situações difíceis?
MR: Eu acho que o filme mostra que você pode escolher viver uma vida diferente, se quiser. Mas, honestamente, isso depende do caminho que você escolher. É algo muito pessoal.

LW: A etnia de Diana não é muito discutida no filme. É significativo o fato dela ser latina?
MR: Sim, é importante para as  pessoas que pensam que não existem filmes onde os personagens latinos não são empregados domésticos. Há um monte de gente lá fora com raiva, tanto negros como hispânicos, dizendo que estão cansados de filmes com personagens desse tipo. As pessoas hispânicas têm necessidade de começar a escrever papéis melhores para si, e não apenas papéis que sejam sobre o racismo. Nós já vimos vários desses filmes. Temos que deixar o passado e escrever filmes sobre a vida.

LW: Quais são os desafios que te identificam como uma atriz hispânica?
MR: Não importa o que as pessoas façam, elas são tão limitadas que jamais será "a atriz Michelle Rodriguez", mas sim "a atriz latina Michelle Rodriguez". Isso é  algo com que eu tenho que conviver, pelo fato de que as pessoas precisam de rótulos para compreender as coisas. Eu não consigo compreender este tipo de ignorância. Então, eu simplesmente decidi ignorá-la, sabe? Ignorar a ignorância.

      E fez isso de forma convincente. Boa de Briga, a estreia de Kusama, já está sendo consagrado pela crítica e vem conquistando muitos prêmios, o que também está sendo bom para o produtor executivo do filme, John Sayles. Kusama começou como sua assistente, e o impressionou tanto que o veterano cineasta decidiu investir na idéia que fez com que o filme saísse do papel.
     Por que é um filme sobre boxe feminino? "Porque filmes de esportes para mim são uma grande tradição", diz Kusama, "e nós não temos muitos filmes onde vemos heroínas. Fiquei um pouco frustrada e um pouco entediada com a mesma velha história de sempre. Comecei a praticar boxe em um ginásio do Brooklyn há alguns anos, e enquanto eu estava lá, vi todas aquelas crianças que encontram refúgio e orientação -nestes velhos e tristes ginásios. E a maioria delas são meninos. Encontram pais lá, eles encontram o reconhecimento e uma rotina que literalmente os salva - por um tempo, pelo menos - das ruas. E eu pensei: Todos estes meninos têm irmãs, e suas vidas são tão confusas quanto as deles". Eu pensei, quando as meninas vão começar a aparecer? Com o tempo, elas  apareceram - mas eu ainda sento no metrô todos os dias e vejo as meninas que olham para mim com uma espécie de instinto assassino, e eu queria saber onde elas estavam na nossa tradição de contar histórias."

Fonte: Entrevista por Laura Winters, site BNET.
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